Wi-fi
Instabilidade na Internet impede entrega de remédios em Pelotas
Quem depende do sistema de distribuição da Farmácia Municipal e Estadual enfrenta problemas desde o início da semana
Jô Folha -
A tecnologia nem sempre chega a ser aliada na agilidade de processos, até porque ela depende de outros elementos, como a internet. Sem o sinal, o sistema que controla a entrega de remédios pela Farmácia Municipal e Estadual está fora desde segunda-feira (17) e têm tirado a paciência de muitos usuários que ficam horas na fila e, por fim, saem do local sem atendimento. Na manhã desta quarta (19) não foi diferente. Mesmo com uma chuva fraca, muitos que chegaram às 6h preferiram esperar na rua, na esperança de conseguir voltar para casa com o medicamento. Por volta das 9h, uma equipe da prestadora do serviço chegou no local e recebeu aplausos do público. No entanto, uma atendente disse à reportagem que não deram expectativas para o retorno do sinal de imediato. A previsão é de que a normalidade seja restabelecida até sexta-feira (21). Já a prefeitura de Pelotas planeja a possibilidade de agendar a retirada dos medicamentos.
Enquanto isso, a zeladora de um condomínio, Daniele Cristine Bastos Bilharva, 40, só pensava como iria explicar o atraso. "Cheguei aqui às 6h para ver se conseguia atendimento às 8h, assim perderia meia hora de trabalho. Mas com o sistema fora e dependendo de medicamentos para dor crônica na coluna e lúpus, que é uma doença autoimune e que pego pelo Estado, não sei como agir", desabafou. Ela mesma ligou para a prestadora de serviço na tentativa de obter algum resultado. Para um senhor que estava ao lado - e preferiu não se identificar - e precisa de remédios para esquizofrenia, os atendentes deram a opção de esperar ou voltar outro dia.
A segunda alternativa nem foi cogitada por um grupo de usuárias que estavam na fila, pois temiam perder o lugar. Como moram no final do Areal, na Guabiroba e no Fátima, também pensam na demanda de tempo com o deslocamento. "Eu tenho depressão e se não tomar os remédios, fico de cama", revelou a aposentada Enilda Ferreira Gonçalves, 69. Ela já tinha ido na terça e recebeu uma ficha para retornar nesta quarta. "Só um dos medicamentos custa em torno de R$ 400,00. Então vou ter que esperar." Ao lado dela e, para engrossar o coro, estava a diarista Andréia Silva da Silveira, 42, que aguardava para retirar o suplemento alimentar para o sobrinho que nasceu prematuro. "Pelo Município, as atendentes estão fazendo manual para depois passarem para o sistema. Mas como fica o nosso caso? Bem que poderia ter um canal que nos informasse sobre as condições de atendimento na Farmácia", sugeriu. A demanda surge porque o telefone do local nunca atende - argumentam. A diarista precisou sair às 10h30min para retornar à tarde. "O sistema funcionou, mas a organização não, pois não quiseram me entregar as caixas de leite pela falta de algumas, ainda mandaram eu voltar amanhã (quarta)", disse ela muito revoltada com a situação.
O que diz a prefeitura
A contratação da operadora de internet está a cargo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Pelotas, segundo informou a coordenação de Assistência Farmacêutica, que relatou as dificuldades para a dispensação de medicamentos desde o dia 17, em função do sinal instável, com momentos de lentidão e da falta do serviço. A pasta fez contato com a empresa responsável pela instalação e solicitou revisão da rede e dos equipamentos. Na terça, técnicos da empresa estiveram na farmácia, mas não puderam realizar o conserto, pois a CEEE Equatorial havia desligado a energia elétrica para uma manutenção nas proximidades. Ontem pela manhã, a empresa retornou e fez os ajustes na parte externa.
Quanto à parte interna, dos equipamentos, técnicos da Companhia de Informática de Pelotas (Coinpel) também estão no local para solucionar o problema. A previsão é de que o sinal de internet seja normalizado até o final desta semana. A SMS esclarece, no entanto, que a entrega de medicamentos, fornecidos pelo Município, não foi alterada, pois os servidores fizeram o procedimento de forma manual, com o registro das informações dos usuários para posterior inserção no sistema. Além disso, os pacientes também podem acessar as farmácias distritais, que funcionam junto às UBSs Bom Jesus, Guabiroba, Lindóia, Navegantes, Simões Lopes e Virgílio Costa. Apenas os remédios entregues pela Farmácia Estadual não puderam ser dispensados nesse período.
Canal de informação
Sobre a demanda de ter um canal de comunicação que indique as condições de atendimento diário na farmácia, a Assessoria Especial de Comunicação (Ascom) da prefeitura disse que, em geral, é a responsável por prestar informações ao cidadão, como alterações de funcionamento, suspensão de atendimento e outras situações que envolvam os serviços públicos. Isso é feito com publicações no site e redes sociais oficiais do município, sempre a partir da informação encaminhada pelas Secretarias. A informação também é repassada aos veículos de imprensa, para que colaborem na divulgação. Neste caso, por uma questão pontual, a situação não foi repassada à Ascom, mas as equipes da farmácia mantiveram o atendimento e informaram os usuários sobre a dificuldade.
Acesso à informação
Pelotas possui ainda a lei 6.998, de novembro de 2021, que trata sobre um aplicativo para fornecer informações da disponibilidade de medicamentos e insumos pela rede pública, inclusive com as quantidades em estoque. A partir disso, a Coinpel desenvolveu uma plataforma, para ser acessada pelo usuário, que pode consultar os remédios disponíveis, a quantidade estocada e onde ele pode ser retirado. O site foi lançado em dezembro do ano passado e pode ser acessado em www.pelotas.com.br/farmacia, permitindo que a pessoa não precise se deslocar de casa para conferir. O site também traz o endereço, horários de funcionamento e os telefones da Farmácia Municipal e das distritais.
Outra questão prevista na lei é a possibilidade de agendar a retirada dos remédios. Nesse sentido, a Coinpel e a SMS estão trabalhando para implementar a ferramenta, mas ainda está em planejamento. Fato que pode ser um alívio para Cleonice Guimarães Borges, 55. Depois de voltar pelo segundo dia consecutivo e, mesmo esperando três horas na fila, ela conseguiu os medicamentos.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário